Tião Campelo e Cabralzinho - Espora de Ouro

Hoje sou velho cansado
Muitos janeiros vivido
Recordando com saudade
O meu passado florido
Glorioso tempo de peão
Que jamais será esquecido
Tive como professor
Meu velho já falecido
No seu regime criei
Não vou dizer que fui rei
Porque não sou convencido

No rodeio da saudade
Estância da solidão
Hoje a velhice me aplaude
Tristeza me aperta a mão
Montado no desespero
Erguido na escuridão
A minha esperança morta
Eu vejo jogada ao chão
Meu amor de antigamente
Que mora muito ausente
Vive na imaginação

Os anos também levaram
Amigos de estimação
Também algum dos parentes
Parceiro da profissão
Nos campos da amargura
Corre o pensamento em vão
Parece que vejo um potro
Lá nos confins do sertão
Correndo pasto afora
Aonde a saudade mora
Meu berço de criação

O que me restou apenas
Trago por recordação
Minha espora, minha vida
A qual tenho estimação
Presente que eu ganhei
Com muita dedicação
Da morena mais bonita
A filha do meu patrão
Considerada de ouro
Minha espora, meu tesouro
Diploma da profissão